quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

de volta a montreal

Reconheço que já fui mais animada a escrever no blog, principalmente em 2003, que eu escrevia até o que comia.
Mas agora, pelo menos de vez em quando é legal escrever.
Bom, acabei de voltar do Brasil. Foi uma viagem super gostosa, adorei ter revisto a família, os amigos e ter amassado as minhas gatinhas.
Bom, cheguei dia 28 de janeiro de manhã. A viagem foi super tranquila, mas como disse minha irmã: a mala sem alça chegou primeiro. A com alça foi entregue em casa no dia seguinte.
Não é nada legal ver as pessoas retirando as malas e nada da sua chegar.

No dia seguinte fui ao Osaka, um restaurante japa muito bom. Passei horas conversando com o Alberto, um grande amigo da Cultura.
A noite fiz lasanha pra minha amiga Zair e o marido dela, o Stefan.

Sábado fui na José Paulino, mas não achei os preços tãos bons. Depois fui no Junior, amigão de longa data.
Domingo, churrascaria com a família (eba, picanha!). E depois piscina e sauna em São Paulo. Engraçado que estava fazendo sol, mas foi só colocar o biquini, o tempo começou a fechar :-(
Segunda, fiz caminhada, fui na casa da Luci, amigona do ensino médio e depois fiz poutine na casa da minha irmã e comemos com nossos primos.
Terça fiz acupuntura e fui ao Outback.
Quarta cortei o cabelo e encontrei o Daniel, Ligia e Marina, do grupo que fez intercâmbio comigo.
Quinta encontrei o pessoal da Cultura, a Simone e o Helder, amigões dos tempos do CNA.
Sexta, sábado e domingo: praia! ai que saudade da areia, água do mar, sol... mto bom mesmo
Domingo a noite fui na casa de parentes.
Segunda encontrei de novo o pessoal da Cultura, o Eduardo e comecei a fazer as malas.
Terça: dia de preparar para a volta. O voo era às 23:40, mas por causa do trânsito, cheguei às 18h.
São Paulo é uma loucura. O trânsito é de enlouquecer. Minha conclusão é: Brasil é maravilhoso para passar uns dias de férias. Minha família e meus amigos de verdade estão aí. Mas meu lugar é em Montréal, pelo menos agora.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Natal e ano novo

Feliz 2010 a todos!

o natal passei na casa da carla e do marcelo, amigos do daniel. pra quem nao sabe, o daniel eh meu pe de cabra que virou namorado.
teve mta comida e amigo secreto. ganhei um abajur todo fashion.

no dia 25 almocei na lilian, minha vo canadense.

ontem passei a virada na casa do amigo do ratto. o ratto eh meu amigo de 2003. fez intercambio comigo e o unico em montreal agora. os outros da turma estao viajando.
os amigos dele sao musicos. ontem depois de comermos, cantamos ao som de varios instrumentos musicais: copos, caixa de papelao, macarrao, ralador... foi um show!

Meu emprego!

Eu adoro o meu emprego!
Deppois do treinamento de duas semanas, comecei a trabalhar sozinha. O mais bizarro foi o espanhol que aprendi na raca. Felizmente eh so pra falar, pois tudo que escrevo eh em ingles.
Outro dia comecei a frase em ingles e terminei em espanhol. O tecnico me disse: oh, you speak Spanglish!
eu falo de tudo na verdade, portunhol, spanglish, frenglish...
meu colega de trabalho estava dizendo feliz navidad (feliz natal) no final das chamadas ate dia 24. mas outro dia ele solta um feliz compleanos (feliz aniversario). foi bizarro!

Em dezembro trabalhei das 8 as 16h. Hoje comecei o horario maluco das 12 as 8 da manha. Achei que ia ficar com sono, mas ja sao 5:00 e to bem acordade. E eh mto bom que tem poucas ligacoes, entao eh por isso que estou escrevendo.

Estou esperando a internet funcionar no meu ape. ja passou da fase novela mexicana. o tecnico vai amanha ver o que ta acontecendo. deve ser um problema de modem ou do predio. ninguem merece!

snowboard!

Depois de ter esquiado tres vezes, resolvi tentar o snowboard, pq tinha uma prancha dando sopa e descobri que fazer snow eh menos complicado do que eu imaginava.
Primeiro, quando eu caia do ski, nao conseguia levantar, nem com reza brava. tinha que desatar um ski dos pes, levantar e colocar de novo. com o snow, eu consigo puxar o peso do corpo pra frente e a ponta da prancha pra tras e assim consigo levantar. Sem contar que eh mais facil de carregar, nao tem os bastoes, nao tem que encaixar os skis... a bota tb eh mais confortavel. e tive a sorte de achar um bom par de botas na loja onde comprei o capacete. Tinha uma caixa com coisas para doacao.
Na ponta do lapis, esta brincadeira nao ficou barata. mas foi um "barato" ter tentado os dois esportes. E descobri que sou menos mane' do que imaginava. Consigo descer uma pista sozinha, sinto que consigo controlar mais os pe's.
A primeira vez que desci a montanha, fui agarrada com o daniel de costas, pq deu medo... quando cheguei ao final da pista, nao acreditava que tinha descido aquela montanha inclinada e cheia de curvas.

Terca feira passada fomos a noite. Tava -15, com sensacao de -25.
As sobrancelhas e os cilios congelaram! literalmente.
E umas 9 da noite, tinha uma neblina... parecia um filme de terror. Imagina descer uma montanha sem saber se tem uma arvore pra bater a 1 metro de distancia!

bem emocionante!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

ski

a neve chegou e uma das melhores formas de aproveitar este inverno é curtindo as boas opções de inverno, senão as chances de ficar em depressão podem aumentar.
Sábado fui a Mont Tremblant, um lugar chique, muito bonito, com prédinhos coloridos, parece um filme! tive que começar na pista de crianças e quando resolvi descer a montanha, não daria tempo de pegar o último lift, então só fiquei sentindo o friozinho de -20 graus esperando a galera que tava comigo pra descermos de lift.
ontem fui a st. bruno, um lugar mais perto daqui que tem preços ótimos das 17h às 22 horas. Desta vez acho que peguei mais o jeito e encarei uma pista bem mais difícil. Impossível não cair, mas levei uns tombos , acreditem ou não, super gostosos, daqueles de rolar na neve em alta velocidade sem se machucar, pois a neve ainda está muito fofinha.
Hoje achei que estaria com o corpo muito dolorido, mas tirando a hora de levantar, sentar, andar e se mexer, o resto tá tranquilo :-)

Estou amando meu trabalho de suporte técnico em quatro línguas: portunhol, frenglish, Englignol, Frenchiguese e outras variantes.
o mais engraçado é eu falando portugues com sotaque espanhol... mas ja comprei um livro e to estudando. Não imaginava que o espanhol seria tão útil um dia...

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

O que é o que é?

Como eh q uma imigrante pode comer picanha quase todo dia no canadá?
trabalhando numa churrascaria, eh claro!
consegui um emprego no le milsa e me diverti mto. fiz um pouco de tudo, ganhei umas boas gorjetas... mas já acabou!

Pq?

consegui outro emprego numa empresa que fornece suporte técnico a aeroportos de varios lugares do mundo. em outras palavras, atendo pessoas que falam ingles, frances, portugues e... ai ai ai, espanhol!!! embromation total!

ainda nao tenho mto o que falar deste pq comecei hoje com o treinamento. Pelo pouco que vi é um lugar muito interessante de trabalhar, gente de todos os lugares do mundo...

e que mais?

tomei a vacina contra a gripe suina. so se fala nisso aqui e melhor prevenir que remediar. nao pensem que fui de livre e espontanea vontade. usaram uma boa psicologia infantil pra eu ser convencida a ir sem ser puxada pelos cabelos. felizmente nao tive nenhum efeito colateral físico (psicologico eu nao sei ...), mas conheco algumas pessoas que tiveram febre, tonturas...

ah, comecou a nevar! a cidade estava toda branquinha ontem de manha, mto lindo! nao foi mto. hj as ruas ja nao tinham mais neve.

comprei um casaco de inverno. todos os que eu tive tinham apelidos: o preto de pele era o gorila ou `entrega de oscar`, pois era chique; o branco era urso polar e este eh roxo, por enquanto ta como `batata roxa`

meu terceiro `emprego` eh tomar conta da gata de uma amiga que ta viajando. tem coisa melhor que ter um gato pra amassar?

sábado, 31 de outubro de 2009

gostei

Passeio Socrático
por Frei Betto *
publicado em 20/9/2008.

Ao viajar pelo Oriente, mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos em paz em seus mantos cor de açafrão.

Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos comiam vorazmente. Aquilo me fez refletir:

- "Qual dos dois modelos produz felicidade?"
Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei:

- "Não foi à aula?"

Ela respondeu: - "Não, tenho aula à tarde". Comemorei:

- "Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir até mais tarde".

- "Não", retrucou ela, "tenho tanta coisa de manhã..."

- "Que tanta coisa?", perguntei.

- "Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina", e começou a elencar seu programa de garota robotizada.

Fiquei pensando: - "Que pena, a Daniela não disse: "Tenho aula de meditação!"

Estamos construindo super-homens e supermulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados. Por isso as empresas consideram agora que, mais importante que o QI, é a IE, a Inteligência Emocional. Não adianta ser um superexecutivo se não se consegue se relacionar com as pessoas. Ora, como seria importante os currículos escolares incluírem aulas de meditação!

Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! - Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito. Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: "Como estava o defunto?". "Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!" Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?

Outrora, falava-se em realidade: análise da realidade, inserir-se na realidade, conhecer a realidade. Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual. Pode-se fazer sexo virtual pela internet: não se pega aids, não há envolvimento emocional, controla-se no mouse. Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizinho de prédio ou de quadra! Tudo é virtual, entramos na virtualidade de todos os valores, não há compromisso com o real! É muito grave esse processo de abstração da linguagem, de sentimentos: somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais. Enquanto isso, a realidade vai por outro lado, pois somos também eticamente virtuais…

A cultura começa onde a natureza termina. Cultura é o refinamento do espírito. Televisão, no Brasil - com raras e honrosas exceções -, é um problema: a cada semana que passa, temos a sensação de que ficamos um pouco menos cultos. A palavra hoje é "entretenimento"; domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela.

Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: "Se tomar este refrigerante, vestir este tênis, usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!"O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose.

Os psicanalistas tentam descobrir o que fazer com o desejo dos seus pacientes. Colocá-los onde? Eu, que não sou da área, posso me dar o direito de apresentar uma sugestão. Acho que só há uma saída: virar o desejo para dentro. Porque, para fora, ele não tem aonde ir! O grande desafio é virar o desejo para dentro, gostar de si mesmo, começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor.. Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são indispensáveis: amizades, auto-estima, ausência de estresse.

Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Se alguém vai à Europa e visita uma pequena cidade onde há uma catedral, deve procurar saber a história daquela cidade - a catedral é o sinal de que ela tem história. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shopping centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingos. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas...

Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno.... Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do McDonald's…

Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: "Estou apenas fazendo um passeio socrático." Diante de seus olhares espantados, explico: Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia: Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz.